"Busque a liberdade e você se tornará um escravo de seus desejos.

Busque a disciplina e você encontrará a liberdade."

Koan zen.

Uma carta da fada... 💫✍

É muito comum associarmos a disciplina às noções de restrição, rigidez e redução de tempo livre. Mas, não precisa ser assim e não o é quando há o equilíbrio. Na verdade, para quem anda se sentindo perdido, a disciplina pode ser um elemento libertador. Seu eu do futuro agradecerá seu eu do presente se você não desistir (esquecendo-se da vida em frente à TV durante todo o seu tempo livre, por exemplo), mas, ao invés disso, olhar agora para dentro de si e perguntar-se - desta vez, dando muita atenção à resposta - o que você quer de verdade, ou, melhor ainda, quem você quer ser. Se você ainda estiver confuso, observe em que área de sua vida você está experimentando sentimentos de desconforto. É justamente nesse ponto que suas ações não estão alinhadas com o que você deseja genuinamente (às vezes, é mais fácil uma pessoa definir quem ela não quer ser do que definir quem ela quer ser). A partir desta resposta, é possível organizar-se, anotar as ideias para alcançar seu objetivo e, depois, colocar-se em ação para que essas ideias saiam do papel e tornem-se realidade.

Seus objetivos têm uma razão de ser e esta razão são seus valores. Por exemplo, se você deseja publicar uma obra, o que está por detrás disso são provavelmente valores ligados à criatividade e à vontade de contribuir para esta e para gerações futuras culturalmente ou simplesmente compartilhando um conhecimento que faça alguma diferença positiva no mundo. Se deseja ajudar crianças carentes a ter acesso a uma boa educação, por detrás disso há valores ligados à dignidade, à crença em um futuro com mais oportunidades para elas e, consequentemente, para o planeta. É importante conhecer seus valores, pois eles são o porquê de você seguir em frente quando o desânimo se apresentar mais adiante.

Quanto a "seguir em frente"... Para que esses objetivos sejam alcançados, novos hábitos amiúde precisam ser adquiridos. No início, usualmente, agir para criar um novo hábito é mais fácil. No entanto, decorridos alguns dias ou semanas, é comum perder a energia, o entusiasmo, o foco e é aí que muitas pessoas desistem. Mas, há uma razão biológica para isso. Do início da existência humana até onde chegamos, a mente desenvolveu-se de modo a proteger o indivíduo. Procurar a opção mais confortável frequentemente era sinônimo de sobrevivência em períodos como quando os humanos ainda eram nômades, por exemplo, quando a fome, a exclusão dos clãs por qualquer erro cometido e a violência não lhes eram estranhas. Assim, a mente criou mecanismos de defesa. Quando alguém tenta adotar um hábito novo, sai do que já estava no modo automático, isto é, do que era familiar e confortável para si. Desta forma, a alteração desejada é mantida por um tempo, mas costuma durar apenas até o primeiro momento de estresse aparecer. Nesse instante, a mente cria os meios para que o indivíduo retorne a seus velhos hábitos. Mas, não tenha raiva de sua mente por isso. Ela só está fazendo o seu papel de te proteger, impedindo-o de experimentar o que ela processa como um indesejado (e talvez perigoso) desconforto e assegurando sua sobrevivência (o que talvez fosse o caso em outras épocas da história). 

Há técnicas que ajudam a manter as novas atividades no quotidiano até que se tornem novos hábitos (com esperança, saudáveis:). Compartilho com vocês algumas que aprendi. Uma delas é a recompensa. Algo que você goste de fazer e, naturalmente, que não seja prejudicial para você nem ninguém, como por exemplo, uma caminhada no parque ou um pedacinho de seu chocolate preferido, ou um filme, ou sua série preferida... logo depois de concluir sua nova atividade no dia. A recompensa deve ser sempre igual ou parecida para cada mudança implementada (não faça muitas mudanças de uma só vez... vá devagar). O cérebro associará a nova atividade ao prazer da recompensa. Há outras explicações nesse sentido, mas esta carta já ficará bastante longa 😊, então sigamos para a próxima técnica: criar lembretes, sinais, que servem como palpites para a mente ao longo do dia. Por exemplo, você pode associar o chá ou o cafezinho da tarde ao momento de leitura que você sempre quis se oferecer, mas parece haver sempre algo que o impede. Ou deixar o livro ao lado de sua mesinha e programar o alarme para um intervalo que costuma ser mais sossegado em seu dia. E, acima de tudo, nunca, JAMAIS desista daquilo que é importante para você. Seja fazer um curso, reservar um momento para a leitura, para os estudos, para se preparar para abrir aquela escola de música ou ateliê de arte que você sempre sonhou, seja adicionar atividades físicas em uma vida por ora sedentária...

 A disciplina é a alma de todo esse processo que leva a nova mudança a tornar-se um hábito. E o que é hábito? Basicamente, é uma atividade que sua mente não mais entende como não familiar e/ou ameaçadora de sua paz, conforto e mesmo sobrevivência e esta atividade passa a ser tratada pela mente de forma automática - você mal precisa pensar para fazê-la, como escovar os dentes, dirigir, andar de bicicleta... Às vezes, você nem sabe como chegou em casa, não é? Isto porque dirigir deixou de ser uma atividade nova e ameaçadora - como provavelmente era no início - e passou a ser um hábito, isto é, feito "no modo automático".

Por fim, lembre-se de que falhar é humano, mas quando isto acontecer - sim, "quando, não "se", pois adotar novos hábitos saudáveis e alinhados com quem se quer ser é um processo que tem seus reveses e voltar para os velhos hábitos acontece - não desista. O essencial aqui é ser consistente com o que se deseja alcançar. Seja gentil consigo mesmo. Não se julgue. Perdoe-se. Quando cair, levante-se, sacuda a poeira e continue sua jornada. Siga em frente com seu projeto.

Chegamos ao final desta carta, inspirada pela citação que abriu a edição de hoje e, sobretudo, por um livro de áudio intitulado Breakthrough, da Dra Rebecca Ray. Ela é australiana e seu livro (no áudio, ela é também a narradora) é formidável. Recomendo a todos. Infelizmente, ainda só está disponível no idioma original, mas, se não for possível acompanhá-lo, cá compartilhei alguns pontos essenciais da obra, unindo-os com alguns conhecimentos prévios sobre o assunto. Uma parte deste livro que me tocou em especial foi quando ela explicou a relação do ser humano com sua própria mente - não memorizei suas palavras exatas, então escrevo-as como as guardo em minha memória - com esta analogia: "Você não é a sua mente. Repito: Você não é a sua mente. Imagine-se olhando para um céu azul (eu estava fazendo um voo 🧚🍃 - equivalente à caminhada humana - no fim da tarde, então nem precisei imaginar, apenas olhei para o alto:). Sua mente é o tempo: as nuvens que se dissipam, que se acumulam, as chuvas, as tempestades, o dia claro... Você é o observador do tempo. E como observador, você escolhe como prefere se relacionar com ele, com a maneira como apresenta-se para você agora e com suas mudanças, que sempre ocorrerão. Você pode se chatear com o tempo como está, pode se irritar, pode dançar na chuva, pode sorrir, ver o lado bom, pode curtir o sol, pode preferir não se envolver, não ligar..." É você, observador, observadora, que decidirá sempre o que fará com o tempo e com o que ele te oferece (com o que sua mente te oferece). 

Um exemplo que a Dra Ray deu foi: "Obrigada, minha mente, por oferecer-me este pensamento e esta vontade de adiar minha atividade física de hoje para amanhã. Você só está fazendo o seu papel de me proteger, de me manter confortável e segura. Eu te agradeço, mas a minha decisão vai ser melhor para mim a longo prazo. Confie!" Não é lindo? :) O poder de decisão é seu. Você reconhece o que sua mente está tentando fazer - o foco dela é você, seu bem-estar, mas a curto prazo - e, ao invés de ceder aos velhos hábitos familiares ou inquietar-se, você serenamente recusa sua oferta e faz a melhor escolha, que trará saúde e mais conforto a longo prazo (eventualmente, sua mente compreenderá isso, quando essa atividade, pela repetição, se tornar seu novo hábito).

Espero ter contribuído um pouco, trazendo-lhe a confiança e o ânimo necessários para que seja sempre a melhor versão de si mesmo/mesma. NUNCA É TARDE PARA (RE)COMEÇAR. E quando a apatia bater à porta, lembre-se de seus valores, do porquê, e também do bom e velho slogan da Nike: JUST DO IT ("Apenas faça":) Não deixe seus sonhos perecerem no esquecimento ou, talvez ainda pior, na ilusão do "faço amanhã". A vida acontece agora. Não ontem. Não amanhã. Agora.

É o fim da carta, mas não o fim da edição. Continue comigo :) 🧚

Com amor,

A Fada do Vento

💫

Título: Dama lendo

Artista: Lilyenn

© All rights reserved to the artist

Músicas do dia

Dias atrás, procurei uma atividade que distraísse minha mente depois da partida de Bobô. Peguei papel, lápis e borracha e dediquei-me a uma atividade que eu não fazia há muito tempo: o desenho. Decidi filmar, porque, se me relaxa desenhar, assistir também poderia ser uma posterior ferramenta de relaxamento. De fato, duas noites depois, eu estava com dificuldade para dormir e recorri ao vídeo. Acabei adormecendo com o aparelho ligado em minhas mãos. Deu certo. Assim, embora minha habilidade de desenhar tenha "enferrujado" bastante ao longo de anos sem prática, decidi, de qualquer maneira, compartilhar o vídeo, com a esperança de que ele possa ajudar você também, em caso de insônia ou quando a mente estiver inquieta na hora de dormir, como um macaco pulando de galho em galho (acontece com você também de vez em quando?) 🌳🐒

Este é o desenho de um guarda real escocês tocando sua gaita de foles (que saiu torta, eu sei :) Nos primeiros 10 minutos, os traços são clarinhos, porque é só o esboço. Depois, eles ficam mais visíveis. Espero que gostem. ✨

Namastê.

💫

Little drawings - Relaxation - Meditation

© All rights reserved

&

"Gaita de foles escocesa | Músicas Celtas com Lindas Vistas da Escócia, Irlanda e País de Gales" - 42 minutos de músicas tocadas na gaita de foles (e outros instrumentos), cujo som me encanta profundamente! 🧚🎼✨

Para quem tem vontade, mas não tem tempo de escutar o álbum inteiro agora, compartilho a seguir minhas preferidas: Amazing Grace (clássico - 13:57), Nearer My God To Thee (quem viu o filme Titanic provavelmente vai se lembrar dos músicos tocando esta enquanto o navio afundava - 25:05) e Danny Boy (é considerada um hino na Irlanda... aprendi a tocá-la na tin whistle - flautinha escocesa/irlandesa, que recomendo a todos 💙 - e é uma das músicas mais doces que já escutei - 28:51). Ainda, adiciono à lista Scottish Highlands (2:30), Braveheart (do filme "Coração Valente" - 6:19) e Scotland Brave (33:22)... Honestamente, são todas lindas... Meu conselho é: apenas deixe-as tocar :) Bom descanso! ♬

Lista de reprodução:

0:00  Bagpiper

2:30 Scottish Highlands

6:19 Braveheart

8:31 Flower of Scotland

12:47 Scottish March

13:57 Amazing Grace

15:36 Epic Bagpipes

18:58 Highland Bagpipes

20:59 Soggarth Shamus

22:14 Highland Bagpipes

24:00 Bagpipers 

25:05 Nearer My God To Thee

27:50 Parade of the Bagpipes

28:51 Danny Boy

30:08 Mystic Hills

31:25 Mystic Bagpipes

33:22 Scotland Brave

34:52 Celtic March

37:42 Highland Laddie

Vídeo postado por: Visual Melodies

© All rights reserved

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Um grande abraço e dias abençoados pela frente, com esperanças renovadas, muito amor e paz. 🙏

Com carinho,

A Fada do Vento

💫

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